quarta-feira, 18 de junho de 2008

Desculpas...



Pessoas, estou aqui para pedir-lhes desculpas pelo meu sumiço do blog.

Para quem não sabe, estou fazendo a cobertura da Eurocopa para o Diário LANCE!. Em razão disso, eu tenho viajado por várias cidades da Suíça e da Áustria, países-sede do torneio.

A final da Eurocopa está marcada para o dia 29 de junho. Eu gostaria de escrever sobre o torneio aqui, mas fugiria do propósito deste blog.

Quando eu retornar à Inglaterra, voltarei a "postar" com freqüência. Podem me cobrar depois!


Beijos do amigo
ALEXANDRE COUTINHO

Foto: Eu, na sala de imprensa do Estádio St. Jakob-Park, em Basiléia, na Suíça.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Blog sobre a Euro-2008

Caros amigos e jornalistas,

Desculpem pela ausência aqui no blog, as coisas estão muitos corridas por aqui e estou um pouco sem tempo para postar. Porém, em breve volto com várias atualizações, já que histórias para contar é o que não falta.
No momento estou na Suíça, acompanhando a Eurocopa-2008. Com isso, criei um outro blog onde vou postar notícias sobre esse campeonato. O endereço é www.tiagolemenaeuro.blogspot.com . Entrem lá que durante este mês de junho estou me dedicando um pouco ao jornalismo, mas também devo escrever por aqui de vez em quando.
Abraço.

TIAGO LEME

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Precisa falar inglês?



Definitivamente, aprender inglês em Londres não é uma coisa tão óbvia quanto parece, apesar de estar morando na capital da Inglaterra. Nesses três meses que estou aqui, já conheci vários brasileiros que vivem na cidade há mais de um ou dois anos e falam tanto inglês quanto eu falo norueguês.


E o motivo principal para isso é que aqui moram milhares de brasileiros, como já dissemos em posts anteriores. Ou seja, você acaba morando com brasileiros, trabalhando com brasileiros, saindo com brasileiros e, conseqüentemente, falando bastante em português. A solução para isso talvez seja fugir dos brasileiros, mas as coisas não são tão simples como parecem. Afinal, o contato com nossos compatriotas é mais do que natural, e até necessário para ajudar na adaptação a um novo país.


Apesar disso, é possível e, na minha opinião, praticamente obrigatório aprender a língua inglesa morando aqui. Mas para isso é preciso fazer um esforço. Acho que o principal deles é aproveitar o curso, independentemente de a escola ser boa ou não (ainda vou escrever mais sobre o curso). Com certeza, é na aula onde mais tenho praticado o inglês, sempre conversando com os gringos e fazendo perguntas ao professor. Além disso, no dia a dia, nas ruas, lojas, lanchonetes e no trabalho procuro conversar o máximo possível com os estrangeiros. Mas é preciso se esforçar mesmo, senão acaba voltando para o Brasil sem ter aprendido quase nada.


Aí sempre alguém te pergunta: "como está o seu inglês?". A reposta invariavelmente é: "Eu sei me virar, não passo fome." Pô, qualquer zé mané não passa fome nem no Uzbequistão sem falar uma palavra em uzbequistanês. É só chegar no McDonald's e pedir "number one, please", que você sabe que vai comer um big mac, com batata frita e coca-cola.


Independentemente do nível de inglês de cada um, é preciso aproveitar a oportunidade de ter contato com pessoas de outros países e falar inglês, mesmo que muitas vezes você fale coisas erradas. Nesse tempo que estou aqui, sinto que já evoluí bastante, mas não tenho dúvidas que poderia ter melhorado mais rapidamente se eu tivesse menos contato com brasileiros.


Pra finalizar, mesmo quem tem um nível de inglês avançado costuma penar no começo aqui na Inglaterra, já que no Brasil geralmente aprendemos o inglês dos Estados Unidos. E a diferença de pronúncia não é pequena. Entre outras coisas, a letra A aqui tem som quase que de "a" mesmo, e não de "e" como nos EUA. Palavras e frases simples como "water", "bank", "I can't", por exemplo, soam totalmente diferentes quando faladas por um inglês e por um norte-americano.
Cheers!!!

TIAGO LEME

Foto: Brasileiros saindo à noite e falando em português, em Piccadilly Circus

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Jornalismo

Antes de contar mais detalhes sobre o trabalho de "pião", vou falar um pouco sobre meu trabalho "de verdade". Um dos motivos pelo qual escolhi Londres, aos invés de ir morar nos Estados Unidos por exemplo, foi a possibilidade de continuar atuando na minha real profissão de jornalista. Afinal, existem vários jogadores brasileiros atuando no futebol europeu e outros diversos eventos esportivos acontecendo por aqui. Com isso, eu e o Lelê já planejávamos fazer uns frilas por aqui. E, graças a Deus, estamos conseguindo fazer alguma coisa nesse sentido.
No meu caso, eu tenho feito umas matérias para a revista e para o site da "Placar". Antes disso, também escrevi para o "Agora São Paulo", o jornal que eu trabalhei antes de vir para cá.
Aliás, essa é uma das poucas maneiras de assistir a um jogão aqui sem desembolsar uma grana alta, já que os ingressos são vendidos apenas para sócios dos clubes na maioria das partidas. Estou unindo o útil ao agradável. Mas, mesmo sendo jornalista, não é tão simples conseguir um lugar no estádio. O credenciamento para a Eurocopa, que será disputada na Áustria e na Suíça em junho, terminou em janeiro, por exemplo. Daqui a um mês, estarei lá trabalhando. Para ir aos jogos da Champions League, o pedido precisa ser feito separadamente para cada duelo junto à assessoria de imprensa do clube, que pede um fax e várias informações antes de aceitar. Já fui em alguns jogos aqui nesse esquema (Tottenham 0 x 1 PSV, Brasil 1 x 0 Suécia, Arsenal 1 x 1 Liverpool, Chelsea 2 x 0 Fenerbahçe e Liverpool 1 x 1 Chelsea), mas também já fiquei na vontade em outro. Minha credencial para a partida de volta entre Manchester United e Barcelona foi negada porque houve muitos pedidos, e o clube deu preferência para os jornalistas locais.
Agora, é impressionante a diferença de organização entre os jogos no Brasil e na Inglaterra. Entre outras coisas, uma das que me chamou a atenção é o "programa" de cada jogo. Um livrinho, que é vendido para os torcedores (os jornalistas ganham), que contém diversas matérias, entrevistas, números, etc. Uma coisa simples, bem feita, que faz o clube arrecadar dinheiro e que os torcedores guardam como uma lembrança.
O contato dos jogadores com a imprensa também é diferente. Antes da partida, sempre há uma entrevista coletiva oficial. Depois do apito final, os jogadores falam em uma zona mista na saída do estádio. Claro que com os brasileiros o contato é sempre bem mais tranqüilo.
O ambiente nos estádios ingleses também é sensacional. A torcida do Liverpool é empolgante, acho que só vi coisa parecida com o Boca Juniors no La Bombonera. Os caras cantam durante os 90 minutos e têm a música "You will never walk alone" como um hino. É difícil de explicar.
Apesar de estar sendo uma ótima experiência internacional no jornalismo, o trabalho não é fixo e o pagamento é feito em real. Com isso, fica impossível pagar todas as despesas aqui trabalhando apenas na minha área. Por isso, o trampo como cleaner é necessário para poder lucrar alguns pounds.

PS: Foi mal pela demora desse novo post, eu estava viajando e sem acesso à internet nos últimos dias. Mais para a frente vou escrever sobre Oslo (Noruega) e Copenhagen (Dinamarca), onde estive no último final de semana. Ganhar grana pra viagens como essa é minha motivação quando estou com a vassoura na mão trabalhando como cleaner...rs

TIAGO LEME

Vídeo: Sensacional torcida do Liverpool cantando "I will never walk alone", durante jogo contra o Chelsea, pela Champions League, no estádio Anfield Road.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Loco por ti, América


Os estadunidenses têm mania de achar que América é o nome do país deles. Where are you from? “I’m from America!”, dizem eles. Bah! Mas eu sou brasileiro e também posso me considerar da América, não? Que eu saiba, este é o nome do nosso continente. E, que eu saiba, o nome do país de vocês é United States “of America”, ou seja, Estados Unidos “da América”.

Pois, bem. Aqui em Londres, fiquei sabendo que os ingleses também aprendem errado nas escolas. Quando se referem à Terra do Tio Sam, eles apenas dizem “America”. “This is America”, diz o professor apontando em um mapa para o país do hambúrguer.

No curso que estou fazendo aqui em Londres, eu e uma colombiana discutimos com nossa professora (inglesa) por causa disso.

Tudo começou quando a “teacher” Tania me perguntou se eu já havia visitado a “America”. Eu percebi que ela estava se referindo aos EUA, mas dei um “migué” e respondi cinicamente: “É claro que sim. Eu morava na América. O Brasil pertence à América”. E ela: “Não. Mas estou falando do país América”, insistiu. A colombiana, então, também entrou na discussão: “Mas América é o nome do nosso continente”.

Simpática, a professora procurou consertar: “Bom, me desculpem, não estou aqui para ensinar geografia para vocês, mas é que aqui na Inglaterra nós aprendemos assim... (Ela pegou um mapa-múndi e apontou para os EUA) Aqui é a América”. E, depois, continuou, desta vez falando o correto: “Esta região é a América do Norte, esta é a América Central e esta outra aqui é a América do Sul, onde ficam os países de vocês”. Mas, logo após, ela voltou a insistir no erro: “A América é aqui”, disse, novamente apontando para os EUA.

Para não entrar em uma discussão sem fim, eu falei que “acho errado, mas tudo bem” e encerrei o assunto. Nada satisfeito, porém.

Eu sei que eles usam a palavra “America” para abreviar o nome oficial “United States of America”. Mas é uma abreviação um tanto quanto equivocada, concordam? E eu, sinceramente, não me sinto nada confortável com isso.

Gilberto Gil, por exemplo, não escreveu "Soy loco por ti, América" em homenagem aos EUA. Assim como o Ministro, eu sou louco pelo meu continente e não pelo país de George W. Bush.

Beijos do amigo

ALEXANDRE COUTINHO

Foto: Aí está o mapa da AMÉRICA. Aprenda, "teacher" Tania!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Homenagem do blog


Olá, pessoas. Apresento-lhes a nova integrante do blog: Emma, a nossa bela apresentadora. Sim, é essa aí que vocês vêem logo acima, dando-lhes as boas-vindas. Basta passar o cursor sobre a boca dela para ouvi-la. O nome é em homenagem à famosa e antiga locutora dos metrôs de Londres, demitida em novembro do ano passado.

Depois de oito anos emprestando sua bela voz ao sistema de som dos metrôs londrinos, Emma Clarke teve os seus serviços dispensados por fazer "fanfarronices" em seu site pessoal (http://www.emmaclarke.com/).

Ela gravou anúncios com o mesmo tom suave com que falava nos metrôs ("This is Finsbury Park. Please MIND THE GAP between the train and the platform"), satirizando pessoas que costumam freqüentar os "tubes" londrinos.

Emma divulgou diversos áudios em seu site e o negócio se espalhou muito rápido. Eis algumas das mensagens:

- "Gostaríamos de lembrar os nossos amigos turistas norte-americanos que vocês, com certeza, falam alto demais".

- "Aqui estamos novamente, apertados dentro de um vagão suado do 'Tube'. Se você for mulher, sorria para o homem perto de você para ele ganhar o dia. Ele provavelmente não faz sexo há meses".

- "Senhores passageiros, a mochila daquele homem de barba contém apenas os seguintes itens: alguns sanduíches, um cartão de biblioteca e o retrato de um tio. Não há razão para vocês se preocuparem".

- "Por favor, o passageiro de blusão vermelho que está fingindo ler o jornal mas que na verdade está olhando para os seios daquela mulher, por favor pare. Não está conseguindo enganar ninguém, seu pervertido nojento".

- "Os passageiros que estão fazendo Sudoku, por favor, admitam que isso não passa de uma palavra cruzada para gente sem imaginação e que não impressiona mais só porque contém números".

- "Talvez eu não seja como vocês imaginam. Poderão ficar desapontados".

Emma Clarke se defendeu dizendo que só quis brincar, mas a "Transport for London", responsável pela administração dos metrôs londrinos, não quis saber de conversa e demitiu a pobre aprendiz de Mr. Bean.

Coitada! Fica, então, nossa homenagem a ela.

Beijos do amigo

ALEXANDRE COUTINHO

Foto: Esta é a fanfarrona Emma Clarke, fã número 1 de "A Praça é Nossa".

Do luxo ao lixo


Na quarta-feira, dia 2 de abril, eu e Lelê chegamos aos Emirates Stadium por volta das 18h para assistir ao jogo entre Arsenal x Liverpool, que começaria às 19h45. Nós e apenas mais cerca de 60 mil privilegidos tivemos o prazer de estar no estádio para acompanhar essa importante partida pelas quartas-de-final da Liga dos Campeões da Uefa. Estávamos credenciados como jornalistas e iríamos assistir a um jogão sem pagar nada. Aqui na Inglaterra, em jogos importantes os ingressos são vendidos apenas para os sócios do clube, e por um preço bem salgado.

Quando entramos no estádio nossos nomes já estavam na lista de imprensa do Arsenal, recebemos o ingresso com um lugar marcado onde iríamos ficar, ganhamos uma revista com o programa oficial da partida. E não pára por aí. Na espaçosa sala de imprensa tinha comida à vontade: arroz, salmão, chili com carne, batata, vários tipos de frutas, frios, sorvete, refrigerante, suco, cerveja, ...(foi disparado a minha melhor refeição desde que cheguei em Londres). Assistimos ao empate por 1 a 1 entre Arsenal e Liverpool em um dos melhores lugares do estádio e, após a partida, fomos para a zona mista onde participamos das entrevistas com jogadores dos dois times. Tudo do bom e do melhor. Estávamos realmente em uma situação privilegiada.

Porém, depois de tudo isso o relógio já marcava 23h. E isso siginifica o que? Horário de começar o night shift da Cleanevent. Ou seja, em questão de poucos segundos e alguns passos, saímos da sala de imprensa para a "aconchegante" sala dos cleaners. Literalmente, do luxo ao lixo.

Pouco depois das 23h, estávamos nós dois de volta para as arquibancadas do Emirates Stadium. Agora, vestindo um uniforme azul, usando luvas nas mãos e segurando um saco de lixo para catar a sujeira. Ficamos até as 8h da manhã trabalhando para deixar o estádio limpinho para o próximo jogo.

Situação engraçada essa, mas que faz parte da nossa vida aqui em Londres. Como eu já escrevi anteriormente, experiências que vou levar comigo pro resto da vista. No próximo post vou falar mais sobre meu trabalho de verdade, como jornalista.

Antes de terminar, não posso de deixar de agradecer a todos pelas visitas aqui no blog. Valeu mesmo, continuem deixando comentários aqui.

TIAGO LEME

Foto: Jogo Arsenal 1 x 1 Liverpool, no Emirates Stadium, pela Liga dos Campeões da Uefa. Na hora dessa foto, eu ainda estava no momento de luxo.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Bah! Eu tô no Brasil?


Pois é, pessoas. A quantidade de brasileiros aqui em Londres chega a ser assustadora. É como queijo em Belo Horizonte, chimarrão em Porto Alegre, dengue no Rio de Janeiro... Sem brincadeira! É tão comum que até enjoa, enche o saco. Como o Mr. Tiago Leme falou no “post” anterior, são cerca de 150 mil brasileiros vivendo aqui. Mas não duvido que esse número seja maior.

Eu pego o metrô e já ouço algum infeliz falando português. E como nosso povo fala alto, viu? Eu notei isso. Os ingleses parecem que sussurram. Já os brasileiros não conversam; eles gritam. Dá vontade de cutucar um deles e falar: “Vem cá, amigo, quer um megafone pra sua mãe poder escutar sua conversa lá do Brasil também?”.

E é impressionante como nós nos conhecemos bem. Nas ruas, eu olho para um cidadão e já noto “Esse é brasileiro, com certeza”. Não dá outra. O celular do cara toca e ele atende em português “Oi, meu amor!”.

Eu também já passei por uma situação engraçada. Na porta das estações de metrô, sempre tem uns carinhas distribuindo jornais, aos gritos de “Paper! Paper!” (abreviação de “newspaper”). Outro dia, quando eu cheguei perto de um dos entregadores, o cara falou “Olha o jornal!” e olhou rindo para mim. Eu perguntei: “Caramba, como é que você sabe que eu sou brasileiro?”. E ele: “Estou aqui em Londres já faz um tempinho. É muito fácil reconhecer nosso povo”. Como é...

Antes de vir para Londres, eu imaginava que os brasileiros se encontravam nas ruas e faziam uma baita festa. “Nossa, que legal! Mais um brasileiro por aqui!”. Que nada! Nós passamos uns pelos outros, falando nossa língua, e ninguém mexe com ninguém. É a coisa mais banal do mundo. Mas é claro que tem suas exceções. Há quem goste de brincar. “Ê Brasil!”. “Bom dia!”. “Boa tarde!”. “Boa noite!”. Eu, por exemplo, sou um desses bobões.

Tem gente que foge de brasileiro para aprender o inglês. Acho isso certo. Mas, quando você ainda está em fase de adaptação à cidade, não há coisa melhor do que ter uma pessoa falando sua língua para te ajudar. Morei em três casas diferentes até agora, todas só com brasileiro. Por um lado, foi ruim, por não ter praticado o inglês. Por outro, foi excelente, pelos conselhos e dicas que recebi sobre trabalho, moradia, alimentação, transporte, polícia, conta em banco etc. Sem contar que brasileiro é um povo pra lá de amigável e animado. Isso ajuda muito a evitar que você sinta toda hora aquela saudade da família e dos velhos amigos.

Bom, em outro “post”, falarei mais sobre o Brasil que há dentro de Londres: restaurantes, bares, baladas, lojas, mercados, salões de beleza, enfim, tudo que você possa imaginar tem aqui, com coisas típicas do nosso país. Quer ler um jornal brasileiro? Quer cortar o cabelo com um brasileiro? Quer comprar guaraná, açaí ou feijoada? Quer ir a um boteco assistir ao jogo do São Paulo? Quer ir a um lugar que toca pagode? Forró? Sertanejo? Aqui você pode tudo!

Beijos do amigo

ALEXANDRE COUTINHO

Link: http://www.lancenet.com.br/noticias/08-03-26/262228.stm?torcedores-rivais-se-unem-no-emirates-stadium (Em texto escrito ao LANCE!, eu falo sobre a grande quantidade de brasileiros no jogo entre Brasil e Suécia, em 26 de março, no Emirates Stadium, aqui em Londres).

Foto: Pagode do grupo "Só Quem É", no bar Ilha Brazil, em Willesdem Junction. Ao fundo, a tevê ligada na Globo Internacional, passando Faustão. Dia de São Paulo 2x1 Palmeiras.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Trabalho de "pião"



Independentemente do objetivo de cada um que veio com visto de estudante pra cá, uma das principais preocupações aqui em Londres é o custo de vida. A menos que você tenha pais bem ricos ou tenha guardado muita grana no Brasil (o que não é o caso da grande maioria aqui), você vai precisar trabalhar aqui para se sustentar. Afinal, a moeda aqui é bem mais valorizada: 1 libra (ou pound) é igual R$ 3,28.

E o trabalho aqui em 99% dos casos é de "pião". Aqui tem gente de todas as classes sociais e diversas formações. Não importa se você é estudante ou formado em medicina, direito, engenharia, jornalismo ou se era vagabundo no Brasil, em Londres você vai se sujeitar a trabalhar de cleaner (faxineiro mesmo, mas cleaner é mais chique), garçom, lavador de pratos, entregador de jornal, barman e coisas do tipo. (Claro que existem algumas exceções, mas são poucas...)

No meu caso, estou trampando de cleaner na Cleanevent, uma empresa que faz a limpeza de uma arena de shows, estádios e outros eventos. O trabalho na maioria das vezes não é legal, às vezes é pesado, em algumas ocasiões é tranqüilo, mas também tem o seu lado bom (por exemplo quando é possível assistir algum show ou jogo de graça). Geralmente, cleaner é o primeiro em emprego de qualquer estrangeiro aqui. Um trabalho digno como qualquer outro, mas que exige menos qualificações. Nos próximos posts vou contar algumas histórias dessa vida de "pião".

Aí vem aquela pergunta na cabeça: eu estudei, fiz faculdade e trabalhava como jornalista no Brasil, e na Inglaterra vou ser faxineiro, uma coisa que qualquer um pode fazer, isso vale a pena? Pra mim, a resposta é simples: "claro que vale". Outros podem não pensar assim, mas vai de cada um.

Por que vale a pena? 1-Experiência de vida. 2-Trabalhando apenas 20 horas semanais, um cleaner que ganha o salário mínimo aqui já consegue pagar as suas despesas básicas e se sustentar. 3-É possível juntar dinheiro para viajar, conhecer novas culturas, ou para levar para o Brasil, ou para fazer compras... 4-Trabalhando como faxineiro no Brasil, nós sabemos que a grana mal dá para se sustentar. 5-Claro que não pretendo limpar o chão para o resto da minha vida, mas fazer isso por um período de um ano não mata ninguém.

Antes de sair do Brasil, eu tinha a preocupação de saber se era difícil arrumar trabalho aqui. Hoje posso ver que é bem fácil conseguir emprego. Claro que quanto melhor o nível do seu inglês, quanto mais contatos e amigos você tiver por aqui e quanto mais persistência para correr atrás, melhor o emprego que você vai conseguir. Eu arrumei esse trampo de cleaner depois de duas semanas que cheguei em Londres, com a ajuda de pessoas que conheci por aqui. É possível conseguir coisa melhor, mas por outro lado tem gente que também demora mais tempo até arrumar algo. Cada caso é um caso.

TIAGO LEME

Foto: Não, eu não estava fantasiado de caça-fantasmas. Eu estava trabalhando de cleaner em Twickenham, um estádio de rugby. Esse bagulho que eu estou usando é uma máquina que solta um jato de ar para empurrar todo o lixo para baixo, até o último degrau da arquibancada, para ficar mais fácil de recolher.

sábado, 19 de abril de 2008

Capital do mundo



Antes de contar histórias e falar sobre a vida aqui, vou começar explicando sobre a cidade, para os que não conhecem poderem entender melhor. Não é exagero dizer que Londres, ou London, é a "capital do mundo".


Pode parecer estranho, mas às vezes é difícil encontrar ingleses andando pelas ruas da capital da Inglaterra. Aqui é uma verdadeira mistura de pessoas do mundo inteiro. Indianos, paquistaneses, japoneses, coreanos, nigerianos, colombianos, turcos, poloneses, italianos, espanhóis, etc... E, claro, brasileiros. Muitos brasileiros. Portanto, você acaba conhecendo gente de todas as nacionalidades, ouvindo várias línguas e sotaques diferentes e vendo pessoas de todos os tipos possíveis.


Para se ter uma idéia, a estimativa é que cerca de 150 mil brasileiros moram em Londres atualmente. (A maioria de forma ilegal, mas isso explicarei em um outro post). Ou seja, existem bem mais brasileiros morando em Londres do que em Caraguá (ah, o verão...), onde a população é de quase 90 mil habitantes. Por isso, a coisa mais normal por aqui é encontrar brasileiros conversando em português nas ruas, além de restaurantes, bares e lojas com coisas típicas do Brasil.


Londres é uma cidade bem grande, tem 8,5 milhões de habitantes em toda a região metropolitana. Porém, bem menor do que a Grande São Paulo, que hoje conta com 22 milhões de pessoas. Além de ser menor, a capital britânica é mais compacta. Em Sampa as coisas são bem espalhadas pela cidade. Aqui as principais atrações estão concentradas no centro e é muito mais fácil de chegar nos lugares, já que o sistema de transportes é incomparável com o da capital paulista. As semelhanças? Várias: trânsito caótico, garoa, clima imprevisível, bons restaurantes, baladas para todos os gostos, paixão por futebol, entre outras.
Resumindo: quem gosta da vida louca e agitada de São Paulo provavelmente também vai achar Londres sensacional!

TIAGO LEME

Foto: Mapa da região central de Londres

quinta-feira, 17 de abril de 2008

É só o começo...


Olá, pessoas!

Enquanto no Brasil ainda são 22h30min (dez e meia da noite!), aqui em Londres já são 2h30min (duas e meia da madrugada!). Para quem não é bom de matemática, são quatro horas de diferença, tá?

Estou escrevendo este "post" apenas para dar as boas-vindas a todos.

Prometo escrever algo mais produtivo da próxima vez. No momento, porém, o sono não me permite. Preciso dormir! Amanhã tenho aula.

Beijos do amigo

ALEXANDRE COUTINHO


Foto: Por falar em fuso-horário, aí está o famoso Big Ben e seu big relógio.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Bem-vindos...



Nessa terça-feira (15/04) fez exatamente dois meses que estamos morando aqui em Londres. Na verdade, eu já queria ter criado esse blog antes, mas acabou não dando tempo para isso. Minha intenção é escrever aqui para falar um pouco da vida na Inglaterra, contando as novidades para os amigos e explicando as coisas para quem, de repente, tem vontade de morar aqui.


Para quem não sabe, larguei o emprego de jornalista em dezembro de 2007, após quatro anos na mesma empresa, para realizar um sonho de morar fora do país. Eu sempre quis ter essa experiência, mas por alguns motivos eu não quis e não pude fazer isso antes. Agora, com 25 anos, embarquei nessa loucura. Estou estudando inglês, trabalhando e pretendo ficar por aqui durante um ano. Meus objetivos são aprender a falar inglês, viajar pela Europa e fazer uns frilas no jornalismo. Mas o principal de tudo acho que é a experiência de vida. E nos posts seguintes, aos poucos, vou explicar tudo isso.


Já tenho uma porrada de coisas pra escrever aqui, mas vamos por partes. Ainda vou falar muito sobre o custo de vida aqui, trabalhos como cleaner, jornalismo, brasileiros, viagens, baladas, etc... Na minha opinião, tudo isso aqui vale a pena. Estou gostando bastante. Realmente, é uma puta experiência de vida, e vocês ainda vão entender porque. Sintam-se à vontade para fazer comentários, mandar sugestões, críticas, perguntas...
Abraços e beijos

Foto: London Bridge e o céu cinzento de Londres

TIAGO LEME