sexta-feira, 16 de maio de 2008

Precisa falar inglês?



Definitivamente, aprender inglês em Londres não é uma coisa tão óbvia quanto parece, apesar de estar morando na capital da Inglaterra. Nesses três meses que estou aqui, já conheci vários brasileiros que vivem na cidade há mais de um ou dois anos e falam tanto inglês quanto eu falo norueguês.


E o motivo principal para isso é que aqui moram milhares de brasileiros, como já dissemos em posts anteriores. Ou seja, você acaba morando com brasileiros, trabalhando com brasileiros, saindo com brasileiros e, conseqüentemente, falando bastante em português. A solução para isso talvez seja fugir dos brasileiros, mas as coisas não são tão simples como parecem. Afinal, o contato com nossos compatriotas é mais do que natural, e até necessário para ajudar na adaptação a um novo país.


Apesar disso, é possível e, na minha opinião, praticamente obrigatório aprender a língua inglesa morando aqui. Mas para isso é preciso fazer um esforço. Acho que o principal deles é aproveitar o curso, independentemente de a escola ser boa ou não (ainda vou escrever mais sobre o curso). Com certeza, é na aula onde mais tenho praticado o inglês, sempre conversando com os gringos e fazendo perguntas ao professor. Além disso, no dia a dia, nas ruas, lojas, lanchonetes e no trabalho procuro conversar o máximo possível com os estrangeiros. Mas é preciso se esforçar mesmo, senão acaba voltando para o Brasil sem ter aprendido quase nada.


Aí sempre alguém te pergunta: "como está o seu inglês?". A reposta invariavelmente é: "Eu sei me virar, não passo fome." Pô, qualquer zé mané não passa fome nem no Uzbequistão sem falar uma palavra em uzbequistanês. É só chegar no McDonald's e pedir "number one, please", que você sabe que vai comer um big mac, com batata frita e coca-cola.


Independentemente do nível de inglês de cada um, é preciso aproveitar a oportunidade de ter contato com pessoas de outros países e falar inglês, mesmo que muitas vezes você fale coisas erradas. Nesse tempo que estou aqui, sinto que já evoluí bastante, mas não tenho dúvidas que poderia ter melhorado mais rapidamente se eu tivesse menos contato com brasileiros.


Pra finalizar, mesmo quem tem um nível de inglês avançado costuma penar no começo aqui na Inglaterra, já que no Brasil geralmente aprendemos o inglês dos Estados Unidos. E a diferença de pronúncia não é pequena. Entre outras coisas, a letra A aqui tem som quase que de "a" mesmo, e não de "e" como nos EUA. Palavras e frases simples como "water", "bank", "I can't", por exemplo, soam totalmente diferentes quando faladas por um inglês e por um norte-americano.
Cheers!!!

TIAGO LEME

Foto: Brasileiros saindo à noite e falando em português, em Piccadilly Circus

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Jornalismo

Antes de contar mais detalhes sobre o trabalho de "pião", vou falar um pouco sobre meu trabalho "de verdade". Um dos motivos pelo qual escolhi Londres, aos invés de ir morar nos Estados Unidos por exemplo, foi a possibilidade de continuar atuando na minha real profissão de jornalista. Afinal, existem vários jogadores brasileiros atuando no futebol europeu e outros diversos eventos esportivos acontecendo por aqui. Com isso, eu e o Lelê já planejávamos fazer uns frilas por aqui. E, graças a Deus, estamos conseguindo fazer alguma coisa nesse sentido.
No meu caso, eu tenho feito umas matérias para a revista e para o site da "Placar". Antes disso, também escrevi para o "Agora São Paulo", o jornal que eu trabalhei antes de vir para cá.
Aliás, essa é uma das poucas maneiras de assistir a um jogão aqui sem desembolsar uma grana alta, já que os ingressos são vendidos apenas para sócios dos clubes na maioria das partidas. Estou unindo o útil ao agradável. Mas, mesmo sendo jornalista, não é tão simples conseguir um lugar no estádio. O credenciamento para a Eurocopa, que será disputada na Áustria e na Suíça em junho, terminou em janeiro, por exemplo. Daqui a um mês, estarei lá trabalhando. Para ir aos jogos da Champions League, o pedido precisa ser feito separadamente para cada duelo junto à assessoria de imprensa do clube, que pede um fax e várias informações antes de aceitar. Já fui em alguns jogos aqui nesse esquema (Tottenham 0 x 1 PSV, Brasil 1 x 0 Suécia, Arsenal 1 x 1 Liverpool, Chelsea 2 x 0 Fenerbahçe e Liverpool 1 x 1 Chelsea), mas também já fiquei na vontade em outro. Minha credencial para a partida de volta entre Manchester United e Barcelona foi negada porque houve muitos pedidos, e o clube deu preferência para os jornalistas locais.
Agora, é impressionante a diferença de organização entre os jogos no Brasil e na Inglaterra. Entre outras coisas, uma das que me chamou a atenção é o "programa" de cada jogo. Um livrinho, que é vendido para os torcedores (os jornalistas ganham), que contém diversas matérias, entrevistas, números, etc. Uma coisa simples, bem feita, que faz o clube arrecadar dinheiro e que os torcedores guardam como uma lembrança.
O contato dos jogadores com a imprensa também é diferente. Antes da partida, sempre há uma entrevista coletiva oficial. Depois do apito final, os jogadores falam em uma zona mista na saída do estádio. Claro que com os brasileiros o contato é sempre bem mais tranqüilo.
O ambiente nos estádios ingleses também é sensacional. A torcida do Liverpool é empolgante, acho que só vi coisa parecida com o Boca Juniors no La Bombonera. Os caras cantam durante os 90 minutos e têm a música "You will never walk alone" como um hino. É difícil de explicar.
Apesar de estar sendo uma ótima experiência internacional no jornalismo, o trabalho não é fixo e o pagamento é feito em real. Com isso, fica impossível pagar todas as despesas aqui trabalhando apenas na minha área. Por isso, o trampo como cleaner é necessário para poder lucrar alguns pounds.

PS: Foi mal pela demora desse novo post, eu estava viajando e sem acesso à internet nos últimos dias. Mais para a frente vou escrever sobre Oslo (Noruega) e Copenhagen (Dinamarca), onde estive no último final de semana. Ganhar grana pra viagens como essa é minha motivação quando estou com a vassoura na mão trabalhando como cleaner...rs

TIAGO LEME

Vídeo: Sensacional torcida do Liverpool cantando "I will never walk alone", durante jogo contra o Chelsea, pela Champions League, no estádio Anfield Road.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Loco por ti, América


Os estadunidenses têm mania de achar que América é o nome do país deles. Where are you from? “I’m from America!”, dizem eles. Bah! Mas eu sou brasileiro e também posso me considerar da América, não? Que eu saiba, este é o nome do nosso continente. E, que eu saiba, o nome do país de vocês é United States “of America”, ou seja, Estados Unidos “da América”.

Pois, bem. Aqui em Londres, fiquei sabendo que os ingleses também aprendem errado nas escolas. Quando se referem à Terra do Tio Sam, eles apenas dizem “America”. “This is America”, diz o professor apontando em um mapa para o país do hambúrguer.

No curso que estou fazendo aqui em Londres, eu e uma colombiana discutimos com nossa professora (inglesa) por causa disso.

Tudo começou quando a “teacher” Tania me perguntou se eu já havia visitado a “America”. Eu percebi que ela estava se referindo aos EUA, mas dei um “migué” e respondi cinicamente: “É claro que sim. Eu morava na América. O Brasil pertence à América”. E ela: “Não. Mas estou falando do país América”, insistiu. A colombiana, então, também entrou na discussão: “Mas América é o nome do nosso continente”.

Simpática, a professora procurou consertar: “Bom, me desculpem, não estou aqui para ensinar geografia para vocês, mas é que aqui na Inglaterra nós aprendemos assim... (Ela pegou um mapa-múndi e apontou para os EUA) Aqui é a América”. E, depois, continuou, desta vez falando o correto: “Esta região é a América do Norte, esta é a América Central e esta outra aqui é a América do Sul, onde ficam os países de vocês”. Mas, logo após, ela voltou a insistir no erro: “A América é aqui”, disse, novamente apontando para os EUA.

Para não entrar em uma discussão sem fim, eu falei que “acho errado, mas tudo bem” e encerrei o assunto. Nada satisfeito, porém.

Eu sei que eles usam a palavra “America” para abreviar o nome oficial “United States of America”. Mas é uma abreviação um tanto quanto equivocada, concordam? E eu, sinceramente, não me sinto nada confortável com isso.

Gilberto Gil, por exemplo, não escreveu "Soy loco por ti, América" em homenagem aos EUA. Assim como o Ministro, eu sou louco pelo meu continente e não pelo país de George W. Bush.

Beijos do amigo

ALEXANDRE COUTINHO

Foto: Aí está o mapa da AMÉRICA. Aprenda, "teacher" Tania!